sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A espera...

Lá fora a noite é um pulmão ofegante
O som ritmado que inspira e expira
É um dos poucos sons que consigo ouvir
Além do bater apressado do meu coração

Espero-te
A ânsia me consome
Meus dedos caminham sobre a mesa
Minhas pernas balançam
Onde estás?

Lá fora a noite ainda respira
Mas à medida que os segundos passam
Sinto que logo não farei o mesmo
Pois me falta o ar

Caminho de um lado para outro
Como um tigre enjaulado
Mexo nos bibelôs de vidro da sala de estar
Onde estás?

O telefone me parece tão ofegante quanto à noite
Devo ceder a tão vil tentação?
Não, a sociedade condenar-me ia

Apazíguo meus ânimos
E vou para a cozinha
Bebo algo com gelo
Degusto dado a contragosto

Espero-te!
Será que a noite está ficando sem ar tanto quanto eu?
Onde estás?

Já são nove, dez, onze, meia noite!
Ainda espero-te, mas meus olhos estão cerrados
Quando chegares ouvira injurias
Chegarás?

Quando já não posso mais ouvir os suspiros da noite
Tu chegas, na ponta dos pés
Finjo que durmo
Meu coração engrandece
Meu corpo treme e brada
Mas não abro os olhos até que chegues até mim

Quero perguntar onde estavas
Mas não tenho forças
Estou tão ofegante quanto à noite
Nada mais importa
Apenas teus lábios cálidos nos meus...


                                                                                                                                       MS

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