sábado, 23 de abril de 2016

Enquanto todos dormem... [A culpa foi sua...]

Boa noite galera! Provavelmente nosso melhor texto em parceria. Obrigada minha amiga
corujinha Vivian Yokoo.
Então vamos lá.......



                Era sábado à noite e eu estava me arrumando para sair com ele, estava tão feliz! Finalmente havia conhecido um rapaz tão carinhoso, educado, inteligente, às vezes um pouco ciumento, mas até acho normal possuir um pouco de ciúmes quando a gente gosta de alguém, também sinto um pouco de ciúmes dele, ele é tão lindo!
Eu havia comprado um vestido novo e iria usá-lo hoje, o vestido era um pouco acima dos joelhos, o calor estava castigando esse ano, e a tarde fui ao salão fazer as unhas. Hoje era nosso quinto encontro, em todas as vezes que saímos ele mostrou ser tudo aquilo que eu sempre sonhei em um homem, no fundo do meu coração eu tinha esperança que hoje ele me pedisse em namoro, então, queria está bonita para isso.
Tenho 20 anos e nunca tive muitos namorados, na verdade não tive nenhum namoro sério. Tenho alguns traumas quanto a isso. Quando eu era criança titia e sua família costumavam ir passar às férias lá em casa, quando ainda morávamos no interior da cidade, eram titia, titio e meus dois priminhos gêmeos. Numa dessas visitas, quando eu tinha seis anos, titio estava estranho, sempre me rodeando, querendo brincar comigo e me pegando no colo, não que das outras vezes ele não brincasse comigo, porém dessa vez ele estava muito mais empenhado, até que comecei a perceber que ele estava se aproveitando das brincadeiras para me tocar.
Quando me pegava no colo, passava a mão nas minhas perninhas magrelas e no meu bumbum, eu não entendia isso mas comecei a desconfiar que não era normal, até que em uma das brincadeiras ele me tocou na frente, entre minhas pernas e foi deslizando a mão para dentro da minha calcinha. Isso eu já entendia que não era normal, sai rápido do colo dele e fui correndo chorar no meu quarto, então, ele entendeu que eu sabia o que havia acontecido, se manteve distante até as férias acabarem e nunca mais voltou a passar férias naquela casa. Não contei nada a ninguém da família, guardei o segredo para mim, até porque eu só tinha seis anos e ninguém acreditaria, em seguida nos mudamos para a capital da cidade, mas cresci com essa lembrança e receio quando o assunto era namorados.
No entanto, com esse rapaz era diferente, ele me passava confiança, me mandando recados várias vezes ao dia querendo saber como eu estava, como tinha sido meu dia e falando sempre que queria me encontrar e que estava encantado comigo. Eu estava me apaixonando mais rápido do que gostaria, mas resolvi que já era hora de deixar meus medos para trás, eu era uma moça de 20 anos, estava na faculdade, tinha meu serviço, e continuava virgem, não que isso fosse um problema, mas eu gostaria de ter minha experimente sexual com todo carinho que eu merecia e sentia que seria com ele.
Conforme as horas foram passando mais empolgada eu ficava para encontrá-lo, combinamos que ele me buscaria às 23:00 horas, iríamos para alguma lanchonete encontrar com seus amigos e em seguida à um show de uma banda conhecida na cidade. Ás 22:30 eu estava devidamente pronta, coloquei o vestido novo e uma sandalinha não muito alta, arrumei meu cabelo e passei uma discreta maquiagem, eu não gostava de me exibir e nem gostava muito de sair de saia ou vestidos, porém com ele eu me sentia segura.
Então, às 23:00 em ponto ele chegou, meu coração já quase saia pela boca de tamanha ansiedade. Me despedi da minha mãe, que sorriu, e meu pai e sai. Assim que me viu, ele desceu do carro para abrir a porta e eu entrei, cada ação delicada e gentil que ele tinha comigo, fazia com que eu tivesse mais certeza que ele era o homem que eu queria. 
Ele também entrou no carro e seguimos o nosso destino. Estava muito arrumado, calça escura e camisa clara, barba bem feita e muito perfumado. Começou a contar-me seu dia, que ele havia jogado bola à tarde com os amigos e como seu time ganhou o campeonato local, eles saíram para comemorar. Tomaram algumas cervejas, ele contava, percebi mesmo que estava um tanto quanto "alegrinho", mas nada demais.
Chegamos à lanchonete e vários dos seus amigos já estavam lá, dois casais e alguns rapazes solteiros. Eu estava feliz por ser apresentada aos seus amigos, isso fazia com que eu sentisse que estava ficando sério nossa relação. Dentro do carro percebi ele olhando para minhas pernas, será que ele estava me cobiçando?
Fiz amizade com as duas moças, namoradas dos amigos dele, elas eram legais e conversamos sobre vários assuntos enquanto os meninos, eufóricos, não paravam de falar sobre os jogos da tarde. Eles bebiam cerveja, eu não bebo nada com álcool e fiquei no suco de morango.
Lá por volta das 00:30 percebi que ele já estava bem alterado por causa do álcool, das outras vezes que saímos ele havia bebido tão pouco, não sabia que ele se empolgava tanto bebendo, fiquei um pouco triste mas levei em consideração a alegria do dia. Meia hora depois resolvemos ir embora, bom, como combinado nós iríamos ao show, então nos despedimos de todos os amigos dele e saímos, pois, o show seria numa casa noturna um pouco longe do centro da cidade.
No meio do caminho ele parou o carro debaixo de uma árvore. Se aproximou para me beijar e eu não resisti, gostava de sentir o toque de suas mãos em mim, os lábios dele nos meus, eram tão doces. Percebi, então, que os beijos começaram a ficar mais intensos, mais ansiosos, suas mãos começaram a percorrer meu corpo com mais avidez, comecei a ficar um pouco tensa, por mais que eu quisesse que minha primeira vez fosse com ele, não era ali dentro de um carro embaixo da árvore e pedi para ele parar.
Ele se afastou com uma certa raiva no olhar e ali sob a influência do álcool eu descobri quem aquele homem realmente era. Novamente veio para cima de mim, me agarrando e me beijando a força, empurrei-o com força e com lágrimas nos olhos e gritei:
- O que você está fazendo? Quem você pensa que é para me agarrar dessa forma e forçar a barra assim?
- Quem pensa o que? Você pensa que me engana? Se fazendo de boa moça, de legal, mas sai com esse vestidinho aí instigando os homens, meus amigos todos ficaram olhando paras suas pernas. – Ele respondeu.
- Mas as namoradas dos seus amigos também estavam de vestido, o que tem de mais? Meu vestido não está curto. – Eu rebati.
- As namoradas deles são problemas deles, aquelas putas também. Você com esse vestidinho curtinho aí só está querendo uma coisa e eu vou te dar agora.
Nesse momento ele avançou para cima de mim com uma mão apalpando meus seios e a outra abrindo o zíper da sua calça, eu tremia feito louca, desesperada não sabia o que fazer e meu único instinto foi abrir a porta do carro e desesperadamente pular para fora, e assim fiz, desci do carro e fechei a porta.
Ele abriu o vidro, olhou bem para minha face e disse:
- Fique aí sua puta. - Fechou a janela do carro, deu a partida e se foi.
Perdi o rumo e fiquei sem chão. No ímpeto de me livrar daquelas mãos imundas acabei esquecendo minha bolsa dentro do carro dele e meu celular estava lá. Logo, fiquei às 2:00 da madrugada num local sem movimento, sozinha e sem meu celular. Como não tinha mais o que fazer, respirei fundo e comecei a andar. Eu estava totalmente desnorteada, poxa eu já fazia tantos planos, nos via namorando, me via tendo a primeira vez com ele, como ele pode me chamar de puta? Como ele pode dizer que eu estava me insinuando para os amigos dele com meu vestido curto? O vestido não era curto, não era, e mesmo que fosse, poxa eu estava com ele e eu me arrumei para ele, para ele me achar bonita e ele me chama de puta.
Continuei andando, a fim de chegar em casa, onde é meu único refúgio. Fiquei distraída, minha cabeça tão cheia de pensamentos tristes, nem percebi que um homem andava atrás de mim. Eu estava chorando muito por tudo o que tinha acontecido. Então, esse desconhecido foi se aproximando cada vez mais, até que chegou perto o suficiente de mim e com um soco nas minhas costas me jogou no chão. Não, isso já era pesadelo demais para uma noite só.
Caí sem ter chances de me segurar em algo. Foi tudo numa fração de segundos. Tentei me levantar e o homem veio para cima de mim, puxou-me pelos cabelos, me deu um soco no rosto, fiquei atônita e nesse momento, aquele monstro me puxou para um terreno baldio que havia ali. Nada fazia sentido para mim, o que estava acontecendo?
Só sentia que estava lutando com alguém, que me puxava pelos cabelos e me arrastava, eu gritava, minhas costas arranhavam no chão, queimavam, era arrastada, gritava, me debatia, porém ninguém ouvia, era como se eu não estivesse fazendo nada. De repente, ele parou, tentei levantar, queria correr, porém ele me jogou no chão violentamente. Bati minha cabeça em algo, alguma pedra talvez, tudo começou a girar, esse homem rasgou meu vestido na parte de cima e ergueu a parte de baixo até minha cintura, e foi em seguida, que comecei a sentir a pior dor da minha vida.
Eu gritava, me debatia, tentava arranha-lo com minhas unhas, porém tudo era inútil. Esse ser, continuava ali, entre as minhas pernas, forçando, forçando, sentia o sangue escorrendo pelas minhas coxas, estava sendo rasgada. O movimento de vai e vem ficava cada vez mais intenso, mais violento, senti um gosto amargo na boca, um nojo que vinha de dentro para fora, queria vomitar. Chorava, tentei gritar novamente e ele cobriu meus lábios com uma das mãos para abafar o som, e com a outra mão me batia e apertava em todos os lugares do meu corpo que pudesse alcançar.
Meu corpo, não era mais meu corpo. Eu chorava, chorava muito, era inútil todas as minhas tentativas de defesa. Aquele homem me fitou e com um meio sorriso de satisfação parou de se mexer. Naquele ponto, eu já não mexia um músculo sequer, eles não me pertenciam mais. Notei um filete de sangue escorrendo pelos seus lábios, o meu sangue, que provavelmente ele conseguiu dos meus seios durante suas ferozes mordidas.
Eu chorava, era só o que me restava fazer. Ele saiu de cima de mim, se arrumou, virou as costas e foi embora, me deixando ali, jogada no chão, com a roupa rasgada, com minha face inchada, com meus seios latejando e as partes intimas sangrando. Eu me sentia resumida a nada, era menos que lixo, menos que nada, não era ninguém. Me arrumei para encontrar alguém que eu gostava, e esse alguém me deixou sozinha na rua, veio outra pessoa e me bateu, feriu e me violou. Eu não tinha forças para levantar do chão. Não sei quanto tempo fiquei ali, petrificada, ouvindo meus soluços engasgados entre as lágrimas. Doía muito, doía tudo, cada célula do que um dia chamei de meu corpo, sentindo muitas dores, mas a pior de todas era aquela dor que habitava em meu coração.
Aos poucos fui recobrando meus sentidos, me levantei devagar, tremendo, lutando para permanecer em pé. Tentei me recompor o máximo que pude e desnorteada, sem saber para onde estava indo, tentei voltar para minha casa. Comecei a andar, anestesiada, até que visualizei a rua da minha casa. Tinha algo estranho na calçada em frente à porta, era minha bolsa, aquele cafajeste tinha ido até onde eu morava só para deixar minha bolsa jogada ali no chão.
Peguei, abri a bolsa, com as mãos ainda trêmulas peguei as chaves, abri a porta e entrei. Todos dormiam, já eram 5:30 da manhã. Fui direto para o banheiro, quando olhei no espelho não reconheci a imagem à minha frente. Vi uma moça jovem, com os cabelos emaranhados, seu rosto que antes era bonito, agora encontra-se inchado e sujo, seus lábios cortados e inchados, com o sangue já seco na pele. Pele essa, que ardia por todos os poros, não era mais eu. Fui tirando a roupa lentamente, pois meu corpo todo doía, minhas pernas estavam cheias de hematomas, minhas costas arranhadas, meus seios mordidos, minhas mãos raladas, cortadas e os nós dos dedos roxos.
Entrei debaixo da água do chuveiro e chorei, copiosamente chorei. Sentei no chão do banheiro e continuei chorando. Num momento de nojo peguei a esponja e o sabonete e comecei a me esfregar com toda força que ainda me restava, me machuquei ainda mais, queria tirar toda sujeira daquele dia, sujeira que estava entranhada em mim, no meu corpo, na minha alma. Sentia ódio, ódio por ter nascido mulher, mulher não é nada no mundo dos homens. Homem pode beber, homem pode andar sem camisa, homem pode andar sozinho na rua a qualquer hora do dia ou da noite e uma mulher, no entanto, quando anda sozinha é atacada tão brutalmente.
Quando coloquei a mão entre as pernas senti dor, dor física, dor psicológica, minha alma doía. Desliguei o chuveiro, me troquei e fui para cama. Não queria que ninguém me visse naquela situação, nem mamãe e nem papai. Passei o domingo trancada no meu quarto e quando minha mãe me chamou para almoçar eu fingi que não escutei. Após o almoço, eu sabia que eles iriam para a casa de vovó e eu poderia ter algum tempo para pensar no que fazer.
Passei o dia anestesiada, na esperança de que a qualquer momento eu acordasse e tudo isso não tivesse passado de um pesadelo. Foi um pesadelo. Revivia as imagens na minha cabeça.
Deixei uma bagunça na cozinha para que minha mãe achasse que eu havia comido algo, então, voltei para minha cama e dormi, dormindo eu parava de pensar. Assim, dormi até segunda de manhã. Escutei papai saindo para trabalhar, passaria a semana fora. Eu não poderia me esconder a semana toda de minha mãe, porém não fazia ideia de como contaria tudo isso para ela.
Lembrei que não havia olhado meu celular ainda, desde que resgatei minha bolsa na porta de casa. Peguei-o e haviam várias mensagens, porém apenas uma se destacou, apenas uma que meus olhos conseguiram enxergar. Era uma mensagem dele, onde havia apenas uma frase, não sei se ele viu o que me aconteceu depois que ele partiu com o carro, não sei se ele tentou voltar para me buscar, não sei mesmo, mas a única frase que havia escrito era: A culpa foi sua...
"A culpa foi sua..." Fiquei repetindo a frase em minha mente. "A culpa foi sua..." Não conseguia processar o que estava lendo. "A culpa foi sua..." Não acreditava naquilo que dizia o visor do meu celular. "A culpa foi sua..." Não, a culpa não foi minha, ou será que foi? Mas eu não pedi para ser violada. Eu fantasiava e romantizava uma primeira vez perfeita, cheia de toques e carinho, com o homem que eu amava. Não foi o que aconteceu.
Agora estou sozinha em casa, perdida, completamente perdida, não sei o que fazer, conto para minha mãe? Vou à delegacia prestar uma queixa? Não lembro o rosto do meu agressor, estava muito escuro, vi e não vi ao mesmo tempo, sou incapaz de descreve-lo, e a dor também embaça as memórias. Meu agressor, é meu, é algo que me pertence agora, não tenho namorado, não tenho um homem apaixonado por mim, não ganho flores e chocolate, não recebo uma carta de amor. Ao invés disso, eu tenho um agressor.
Que homem vai querer uma mulher que foi violada? Será que ele tinha alguma doença? Será que peguei? Será que posso engravidar? Como posso ter um filho de alguém que nunca vi, que não escolhi? Posso abortar? Mas então todos vão saber. Será que vão me entender ou vão me culpar? Será que Deus me perdoa por eu tirar a vida de um ser inocente?
A minha própria vida é tão insignificante, tão pequena, sou resumida ao nada, como vou cria-lo? Minha mãe não vai permitir o aborto, ela é muito religiosa. Aí meu Deus o que vou fazer? Devo abortar escondida? E se der errado? E não tenho dinheiro para isso. Ainda sou estudante e meu emprego paga pouco, aborto ilegal além de perigoso é caro.
Calma, preciso me acalmar. Não posso estar grávida, foi apenas essa vez, minha primeira vez, da pior forma possível. Fui violentada duplamente. Calma, preciso ficar calma. Estou aqui, em pé, no meio da sala, tentando decidir o melhor a ser feito. Apagar tudo é impossível. Preciso pensar antes da mamãe chegar em casa, ela vai exigir uma explicação quando se deparar com o que restou de mim.
Minha mãe é muito nervosa, preciso ficar calma primeiro antes de contar para ela, é a única pessoa que pode me ajudar agora. Por isso, preciso ficar calma, ela já tem um histórico de depressão, precisa de medicamentos para dormir, tenho medo da reação quando ela souber tudo que passei.
É isso, finalmente uma ideia útil. Caminhei lentamente para o quarto dos meus pais, revirei nas gavetas até encontrar os medicamentos da mamãe. Vou tomar um comprimido, apenas um, para me acalmar, dormir pesadamente e assim, descansar. É o tempo que minha mãe volta para casa, então como estarei mais calma poderemos conversar com mais clareza sobre a situação e juntas decidir o que fazer. É isso!
Respirei fundo, retirei um comprimido da cartela. "A culpa foi sua..." Não consigo me livrar de tais palavras. "A culpa foi sua..." Engasguei sentindo o choro vir a garganta. "A culpa foi sua..." Quis gritar e fui incapaz, quis correr e fui incapaz, quis me defender e fui incapaz. "A culpa foi sua..." Minha roupa era muito sensual, eu estava pedindo. "A culpa foi sua..." As lágrimas escaparam de meus olhos, fazendo arder a pele quando tocou os machucados do meu rosto. "A culpa foi sua..."
Foi nesse momento que percebi, que mais de um comprimido, eu havia retirado todos das cartelas de medicamentos que estavam na gaveta. Minha mão cheia de marcas, segurava-os, fiquei imaginando seu sabor. Então, num impulso, coloquei todos na boca de uma só vez, não consegui engolir, minha garganta está seca, como se houvesse um nó no meio dela, o corpo quis cuspir. Eu, no entanto, cerrei os dentes e fui para a cozinha o mais depressa que pude, minhas pernas ainda estão com dificuldades para se locomoverem. Bebi um copo generoso de água, e assim, consegui engolir todos eles, todas as pílulas.
"A culpa foi sua..." Respirei profundamente. "A culpa foi sua..." caminhei lentamente para o meu quarto, deitei na cama. "A culpa foi sua..." Me cobri com o edredom quentinho que estava com o perfume floral do amaciante de roupas. "A culpa foi sua..." consegui sentir, finalmente, que havia voltado para casa. "A culpa foi sua..." Fitei o teto branco do meu quarto, tudo branco, sem noção alguma de quanto tempo se passou, de quanto tempo estou deitada na cama. O teto ficando cada vez mais branco, eu disse, como num sussurro, disse para que apenas eu mesma pudesse ouvir: A culpa não foi minha....
Fechei os olhos pela última vez, sabia que não acordaria mais.

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