terça-feira, 22 de março de 2016

Enquanto todos dormem... [Terceira parte]

E agora a terceira parte do nosso conto, cada postagem fico mais e mais feliz :) Parceria com a querida amiga Vivian Yokoo, do blog Cada livro uma paixão [link], ficando cada vez melhor, obrigada amiga! Então vamos lá...


Insônia

02:00 – 03:00

            Não sei quanto tempo permaneci ali, encolhido em posição fetal. Não conseguia mexer um músculo sequer, tudo em mim estava petrificado após ouvir aquela risada.  Olhei para o lado e vi o envelope marrom caído no chão, não tive tempo de olhar dentro dele e agora não sei se tenho coragem. Uma parte de mim dizia para subir as escadas correndo e fugir imediatamente, porém outra parte queria que eu me esgueirasse até o envelope e abri-lo para descobrir o seu conteúdo. 
Ele era antigo, bem antigo, finalmente criei coragem, sai de onde estava e fui até o envelope,estiquei minha mão lentamente e peguei-o devagar e com cuidado fui abrindo-o. Estava bastante empoeirado e dentro dele havia alguns recortes de jornais quase ilegíveis por causa do tempo e também havia uma fotografia. Era um casal na foto, uma moça e um rapaz, pareciam namorados, talvez noivos, a alegria nos olhos do rapaz era facilmente esquecida pela tristeza nos olhos da moça. 
Ainda assustado, com as mãos trêmulas peguei os recortes de jornais a fim de visualizar melhor. A matéria era sobre uma tragédia, um corpo encontrado no rio da cidade, foi tudo o que consegui entender, no outro recorte havia a imagem do rio e a matéria falava basicamente a mesma coisa, ambas as reportagens tinham a mesma data, no terceiro e último recorte havia a imagem de um rapaz jovem e bonito. 
Não entendi muito bem o que aqueles recortetinham em comum com o casal da fotografia, foi então que novamente senti aquele ar gélido, minhas mãos suavam mesmo com o frio, tamanho era o meu nervosismo e de repente as graciosas cortinas balançaram outra vez. 
Nesse momento, a coisa mais bizarra do mundo aconteceu, pois tive a impressão de ter visto um vulto, meu corpo gelou de baixo a cima, me esqueci até de respirar. Realmente pensei ser apenas minha imaginação, porém quando ainda estava recuperando o fôlego, olhei para o lado e eu a vi.
Ali, aproximadamente cinco metros de distância estava ela, uma mulher que possuía a pele clara e usava um vestido creme. Ela estava me olhando fixamente nos olhos e como se ela falasse sem mexer os lábios eu comecei a escutar sua voz, era uma voz doce que sussurrava dentro da minha cabeça e isso começou a me deixar apavorado, sentia que algo ruim estava para acontecer.
As primeiras palavras que escutei foram:
- Oi, consegue me ouvir?
Nesse instante foi como se minha alma saísse do meu corpo e voltasse em fração de segundos. Olhei fixamente para ela, petrificado de pavor, e ela entendeu que eu conseguia escutá-la. A partir desse momento minha paz acabou.
Ela começou a tentar falar o que estava fazendo ali, ela disse:
- Olá, há muito tempo espero pela oportunidade de ter alguém que more nessa casa e que consiga me ouvir, muitos passaram por aqui, mas ninguém possuía esse dom, quando você se mudou para cá logo percebi que me ouviria e esperei pacientemente até hoje por uma oportunidade de me manifestar. Preciso muito da sua ajuda...
Nesse momento coloquei as mãos nos ouvidos e soltei um grito ensurdecedor, não queria ouvir nada, não queria saber de nada que aquele fantasma estava dizendo, não, não, não... Tudo isso definitivamente era demais para mim... Não quero ouvir nada...
Virei meu corpo, dei as costas ao fantasma tentando ignorá-lo e fui em direção à sala e senti sua mão fantasmagórica tocar meu ombro, quando me virei seus olhos já não eram mais doces, eram olhos nervosos, olhos de raiva o medo que senti daqueles olhos me petrificaram novamente. 
A voz dela na minha mente também havia mudado, agora possuía uma voz autoritária e nervosa, uma voz que suplicava atenção. Ela chegou mais perto e segurou-me fortemente pelos dois braços, ela possuía uma força descomunal, violenta e eu não conseguia me libertar de suas mãos. Nesse momento, olhei atrás e vi aquilo que há muito tempo não via...

Continua...



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