Enquanto todos dormem... [Primeira parte]

Sim, enquanto todos dormiam eu ficava na minha insônia perdida entre livros e escritos, até que um dia encontrei alguém para me fazer companhia nessa história de ser coruja. Seu nome é Vivian Yokoo do blog cada livro uma paixão [link] e depois de tantas noites não dormidas uma amizade linda nasceu.

Vivian é uma mulher incrível, dessas que tem o poder para mudar o mundo. É extremamente forte e suporta as dores sempre com um sorriso lindo no rosto. É sincera, não tem medo de dizer a verdade e isso é admirável, também não tem medo de enfrentar a vida. Já entendeu que a vida não é fácil, que precisamos lutar com afinco e nunca desistir dos nossos sonhos. 

Vivian passou a maior parte da sua vida no Japão e tem milhares de histórias para contar, sempre amo ouvir, imaginando cada cena. E mesmo na correria do dia a dia, Vivian nunca se nega e me ensinar um pouquinho de japonês, seja a língua, seja  a cultura, seja as curiosidades, ela sempre tá ali me explicando e respondendo minhas perguntas, obrigada por isso.

obrigada também por ouvir minhas histórias, pelos conselhos e pela força. E por fim, obrigada pelo convite de escrevermos juntas.

O texto surgiu tão naturalmente que numa simples conversa habitual  ele nasceu e foi se desenrolando numa maneira tão divertida que parecia que estávamos brincando, eu simplesmente adorei.

Obrigada minha amiga corujinha :) 

Foi um imenso prazer criar esse texto com você, primeiro de muitos que virão...

E para conhecer mais um pouco sobre Vivian é só passar pelo blog dela [link] e lá vamos nós...

Insônia

00:00 – 01:00

Era todo dia assim, eu poderia estar em qualquer lugar, em casa, em uma festa, com os amigos ou até dormindo mesmo, como era o caso hoje, porém coincidentemente todos os dias eu olhava para o relógio e ele estava marcando meia noite.

Não sei o que isso significa, talvez nunca saiba. É como se a meia noite me chamasse, despertando-me até dos sonos mais profundos. Consigo até ouvir sua voz, como num sussurro e eu sempre sentia frio.

Apesar de não achar mais estranho todos os dias olhar para o relógio à meia noite, nessa noite algo estava diferente. Esse clima mais gelado que o normal, mesmo olhando por todos os lados do meu quarto e não vendo nada, eu não me sentia sozinho.

Eu morava com dois amigos, onde cada um tinha seu quarto e havia mais um quarto vazio que estava servindo perfeitamente como uma dispensa. Eu havia escutado meus amigos combinando de sair, mas como teria prova no dia seguinte, resolvi ficar em casa para estudar e dormir cedo. 

Porém, nesse exato momento, eu estava deitado em minha cama, enrolado em minhas cobertas e sentindo esse ar gélido entrando por baixo da porta, trancada. Podia sentir ele se espalhando por todo o ambiente, até que minha respiração começou a ficar gelada também, fazendo-me encolher ainda mais na cama.

Essa noite realmente estava diferente, tentei voltar a dormir, porém foi inútil. Sentia uma inquietação, minhas pernas formigavam, minha barriga doía e meu coração estava acelerado, voltar a dormir como? Mesmo assim fiquei quietinho encolhido na cama.

Escutei um barulho vindo do quarto ao lado e imaginei que meu amigo tivesse chegado em casa e eu não havia percebido. Então, passado alguns minutos o barulho ficou mais alto, como se algo tivesse caído, imaginei que ele pudesse ter chegado bêbado e derrubado alguma coisa, pois não seria a primeira vez. Nesse momento, até que meu medo passou, levantei da cama e fui até o quarto, bati uma vez na porta e ninguém atendeu, bati a segunda veze ela se entreabriu, olhei dentro do quarto e ele estava completamente escuro, meu amigo não estava ali.

Voltei quase que correndo para o quarto, pulei na cama debaixo do cobertor novamente, tudo em mim estava arrepiado, então me lembrei dela, havia anos que ela não me voltava a memória. Quando era criança eu tive uma amiguinha, que anos depois percebi ser uma amiga imaginária, ela era muito real, passava o dia me acompanhando e brincando comigo, me alertava sobre os perigos em diversas situações, como se me protegesse.

Só quando fui crescendo que percebi que apenas eu falava com ela, quando contei para os meus pais, no inicio eles não se importaram, mas as situações foram ficando cada vez mais intensas e com o tempo a família toda girava em torno de mim, e isso me incomodava.

Como certa vez, em que ela me fez desistir de brincar no balanço da escola, cedi minha vez e o balanço arrebentou, olhei para ela com os olhos esbugalhados, paralisado pela cena de vê aquela criança que se embalava fortemente ser arremessada, minha amiga apenas sorriu para mim. Ela era uma lembrança boa, nos divertíamos bastante só não entendi o porquê lembrar isso justamente agora.

De repente, escutei um barulho vindo do andar de baixo, particularmente da cozinha, gelei novamente, pois não teria jeito, era preciso descer para averiguar o que estava acontecendo, afinal poderia ser alguém tentando entrar em casa.

Sentei na cama, respirei fundo, criei coragem e me levantei, caminhei devagar até a porta, girei a maçaneta, abri e sai para o corredor, acendi a luz e para a minha surpresa a luz estava mais fraca que o normal, era só o que me faltava, a luz queimar uma hora dessas. 

Desci as escadas pé ante pé, não escutava mais nenhum barulho, porém mesmo assim precisava me certificar, quando cheguei ao final da escada, olhei para o relógio da sala, ele marcava 01:00.

Continua...