All the lonely people
Where do they all come from?
All
the lonely people
Where do they all belong?
(Eleanor Rigby -The Beatles)
Como se fosse um
aquário, ela tateou em volta de si mesma tentando encontrar uma saída. Mas foi
inútil! Suas mãos sempre tocavam aquela barreira gélida feita de vidro.
Sentada no chão,
abraçada como seus joelhos, ela chora. Cansada dessa prisão transparente, ela
se desespera ao observar o mundo lá fora. E ficava imaginando...
- Como seria a minha vida além desses
muros de vidro? Que aventuras estariam me esperando? Como eu vim parar aqui,
dentro dessa bolha invisível aos olhos alheios?
São muitas perguntas sem
respostas e sua única certeza é ver que o céu a espera acima de seus olhos. A
lua exuberante é a única luz que a aquece, mesmo sabendo que a lua não possui
sua própria luz. Porém, do lugar que ela observa até a lua parece ser de vidro
e a qualquer momento ela pode-se partir em pedacinhos, tirando-lhe o seu único
conforto e cortando-lhe ferozmente a carne.
Só faltava examinar o
teto, que suas mãos pequenas e suas pernas curtas não alcançavam.
- Com certeza o céu acima de mim não
está bloqueado como as paredes em minha volta? - indagou, querendo ser capaz de
voar como um pássaro, para poder alcançar o teto e escapar de sua prisão.
E então, ela poderá
sentir o vento fresco da noite e ouvir a canção das estrelas. Poderá sentir o
sabor da liberdade com seu corpo flutuando por entre as nuvens e a sua mente
despreocupada com os muros de seu coração.
As quatro paredes de
concreto e a porta de madeira eram apenas um pequeno mostruário das muralhas de
vidro em volta dela, que a impossibilitavam de ser feliz, que a impossibilitavam
de viver. Sem janelas o ar fica rarefeito, sem possibilidades as esperanças se
tornam caus. E a lua de vidro no céu de vidro cintilava em seus olhos de
vidro, convidando-a a fugir desse corpo aprisionado.
Então, de repente seus
pés fatigados de correrem sentados começam a formigar levemente e à medida que
esse formigamento cresce, ele se espalha pelos joelhos, coxas, costas e braços,
até que finalmente seus cabelos balançam graciosamente de um lado para outro,
mesmo sem a ação de vento algum.
E maravilhada com o
presente da lua, seu corpo se desprende do chão e ela começa a flutuar pelo
quarto, as lágrimas escapam de seus olhos, mas ao invés de caírem, elas se
transformaram em bolhas cristalinas que piscavam pelo quarto feito vaga-lumes.
E ela subia, subia,
subia, até parecer ser o limite das paredes em volta. Com as mãos trêmulas, ela
toca o teto transparente e sente aquela barreira sólida e gélida que já
conhecia. E pensa:
- Meus Deus! Como o
mundo está doente...
E como se fosse um
aquário, ela tateou em volta de si mesma tentando encontrar uma saída e
novamente foi inútil.
Seu corpo, então,
começa a ficar pesado e aquela gostosa sensação de formigamento se finda
bruscamente. E foi possível ouvir o seu grito estridente ecoando pela vizinhança
quando a lua se partiu e seu corpo resolveu que era à hora de voltar, caindo
rapidamente em seu colchão largo e macio.
E trancada no quarto,
ela espera e espera... Em desespero em pesadelo. Deitada na cama, com um pedaço de
vidro da lua ao lado, tentando apagar a dor que senti e seus joelhos sangram.
Mas essa dor não é maior nem mais forte do que a dor de ter que esquecer que é
impossível se ter liberdade para viver e ter força e calma a cada amanhecer.
As marcas no corpo, não
são maiores nem mais dolorosas do que as marcas na alma, trazendo a loucura e
os calmantes. Imaginado que fazendo o seu corpo sangrar, a dor pode passar. Mas
é inútil! A verdade é o avesso!
E trancada no quarto,
ela espera e espera... Quem sabe um dia adormece.
MS
Escrito
em
12/03/2011
Que lindo, Maina... Realmente a liberdade é um dos maiores bens do ser humano...
ResponderExcluirLivros terapias / Fan page
Obrigada Laila, sua opinião é a mais importante pra mim :) beijos...
ExcluirLindo conto vidinha
ResponderExcluirMaina,
ResponderExcluireu fico cada vez mais encantada com os seus escritos. Eis que me surgiu uma dúvida: você tem algum romance publicado ou algo na eminência de se tornar um?
beijos
Oi Nina, obrigada! :) tô escrevendo um livro de contos e um romance engavetado. Agora publicado, tenho um conta e um poema na Antologia de um prêmio literário. Pretendo publicar o livro de contos o mais rápido possível, se chama: Em qualquer um de nós.
ResponderExcluirbjs...
Que lindo Maina! Vou ficar de olho aqui :)
ExcluirAdorei, e esperando por seu livro de contos.... Vocês sabem que adoro contos.....
ExcluirAinda me sinto hipnotizado nesse texto... já li 1000 vezes
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